Medronho

O medronheiro (arbustus unedo) é nativo da Europa mediterrânica, mas é na floresta de montado que encontra as condições perfeitas para o seu desenvolvimento. A frescura da Serra do Mendro, com 424 metros de altitude, potenciada pela condução dos ventos atlânticos favorece o seu desenvolvimento espontâneo em solos esqueléticos de xisto. Na época Outono-Invernal, a floração e a frutificação do medronheiro acontecem em simultâneo, originando frutos que parecem bagas de cor amarela e vermelha. De crescimento lento, o medronheiro é um arbusto de porte elevado e muito resistente, podendo viver 200 anos.

Aguardente de Medronho

Os medronheiros povoam a Serra do Mendro desde tempos ancestrais. Na terra fresca de altitude encontram o equilibrio perfeito ao lado de outras comunidades arbustivas no montado. Os pequenos frutos amarelos alaranjados e vermelhos, suspensos por finas hastes a balancearem ao sabor dos ventos frescos que ao final de cada tarde chegam do atlântico, ornamentam a terra no Natal numa rusticidade quase poética. Os arbustos de proporção generosa mostram a sua resiliência a cada ano. Oferecem a riqueza de um fruto único, pleno de aromas e sabores macerados na destilaria que serão recuperados na dupla destilação a vapor, originando uma aguardente de medronho fina e elegante, de cor límpida, transparente, quase cristalina, saboreada com vagar e em vários goles, na companhia de uma boa conversa.

Sabor suave e elegante

É quando sentimos o cheiro a terra de xisto molhada, entre outubro e novembro, que na Herdade Aldeia de Cima nos motivamos para a colheita dos frutos vermelhos, nomeadamente os medronhos, que salpicam de cor as encostas outonais da Serra do Mendro.​

Os seus frutos selvagens e comestíveis resultam da maturação das flores do ano anterior e são colhidos manualmente nos arbustos. A sua textura é de um contraste invulgar: por dentro de uma casca granulosa revelam uma polpa suave, com um sabor intenso e frutado.​

Redondos e vibrantemente coloridos -quando maduros variam entre um amarelo forte e um vermelho intenso -parecem anunciar o Natal pelas encostas do montado, tornando o medronheiro uma das espécies mais vistosas dos nossos espaços florestais.

 

A Colheita

Os frutos colhidos para a aguardente de medronho são provenientes dos medronheiros que crescem selvagens na Herdade Aldeia de Cima e nas terras da Serra do Mendro. A tonalidade do medronho orienta o momento da colheita e a análise do nível de firmeza e grau Brix 26-28º confirmam o tempo ótimo para a apanha manual. O medronho amadurece lentamente e são necessárias três a quatro passagens no mesmo arbusto e em diferentes fases temporais para obter a quantidade necessária à produção.

O medronho é um fruto muito delicado colhido habitualmente por mãos femininas que fazem de imediato uma seleção para dois cestos: um para os frutos amarelos e amarelo-alaranjados, menos maduros destinados à produção de aguardente; e outro para os frutos mais avermelhados e maduros, para consumo em fresco ou a elaboração de doce e geleia.

O Viveiro de Plantas

A partir de um estudo geológico que permite analisar os perfis do solo mais adequado, foram identificados 25 hectares

com boas condições para a plantação do medronheiro em diferentes zonagens da Herdade Aldeia De Cima.

Posteriormente, selecionamos em viveiro as plantas mais robustas e promissoras por forma a micro propagar em vasos e mais tarde plantar.

Atualmente existem 5 hectares de medronhal na zona dos Alfaiates, uma mancha arbustiva, que enriquece o enclave entre a vinha e a floresta de montado na Serra do Mendro, promovendo a biodiversidade e a fixação de auxiliares das diferentes culturas.

A dupla destilação

Devido à delicadeza do medronho, a gestão do tempo entre a colheita e a fermentação até à destilação é crucial para manter a frescura e encontrar o equilíbrio perfeito entre a elegância e a identidade da aguardente de medronho.

A fermentação processa-se com temperatura controlada durante 3 semanas, onde a fruta à superfície vai hidratando todo o volume por remontagem manual. Depois da massa fermentada, o mestre destilador coloca-a na caldeira para destilação a vapor, onde a técnica é apurada durante 3 horas, num ciclo descontinuo que separa a aguardente em três cubas diferentes: cabeça (primeiros 20 % do destilado), coração (60% do destilado) e cauda (últimos 20% do destilado). Por fim, submete-se a aguardente do coração a uma segunda destilação, com o objetivo de minimizar a presença de compostos agressivos, tornando a aguardente mais transparente, harmoniosa e saborosa.

A prova

Um bom destilado deve ser equilibrado, harmonioso e agradável ao nariz e ao palato.  

A aguardente de medronho faz parte da tradição secular do sul de Portugal e tem vindo a ser consumida ao longo de gerações como um excelente digestivo. Após a refeição deve ser servida pura e à temperatura ambiente para apreciar a sua frescura aromática. 

A cor da aguardente de medronho é límpida, transparente, quase cristalina. O aroma é muito fino e levemente frutado e, de acordo com o ano de colheita, pode apresentar notas florais a margaridas secas, ameixa branca e pêssego verde, este último em anos mais frios, ou mesmo evidenciar, em anos mais quentes, notas a frutos silvestres como groselhas e melaços. Na boca demonstra uma pureza e nitidez incríveis, com um toque seco e um bom equilíbrio do álcool macio e um aroma retro nasal de floral e frutado. 

Para apreciar devidamente, aproxime delicadamente o nariz do copo e mantenha uma distância de dez centímetros para sentir o aroma e saborear a aguardente de medronho de forma gradual. A adição de algumas gotas de água (uma a duas adicionadas com um conta-gotas) pode ajudar a abrir os sabores e os aromas. Por norma servem-se 3 cl e, como qualquer bom destilado, deve ser saboreada com vagar em vários goles e na companhia de uma boa conversa.

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