Adega Tradicional

Marcada pelo encontro entre o passado e o futuro, a adega proporciona uma enologia de intervenção mínima, onde se pretende evidenciar a heterogeneidade e o diferente carácter das 36 micro parcelas.

Neste projeto procuram-se as texturas, a mineralidade dos solos, a antiguidade e a tradição

Em família, Luisa Amorim e Francisco Rêgo estão a criar vinhos que preservam a história do lugar, apresentados ao mercado dois anos após a vindima, numa produção pequena que pretende atingir cerca de 100.000 garrafas. Os vinhos da Herdade Aldeia de Cima, clássicos e elegantes, preservam a tipicidade do seu lugar e são vinhos de enorme complexidade oriundos de solos heterogéneos e de castas indígenas e portuguesas.

Edifício tipicamente alentejano

O imponente Armazém das Ramadas, que Francisco Eduardo de Barahona Fragoso, filho do 1º Conde da Esperança, mandou erguer para as suas ramadas, em 1953, seria o local escolhido, em 2017, para a construção da adega. Para a sua recuperação, o casal Luisa e Francisco falaram com as amigas Ana Anahory e Felipa Almeida, do atelier Anahory Almeida, cuja assinatura e bom gosto são facilmente identificáveis pela forma como trabalham a ligação à cultura portuguesa.

O resultado final - belo, minimal e memorável - conjuga-se na perfeição com a arquitetura marcante deste edifício tipicamente alentejano que prima pelas suas paredes grossas e caiadas a branco que sustentam uma estrutura metálica original com três alas, abraçando um espetacular par de silos no pátio central.

Enologia de intervenção mínima

Marcada pelo encontro entre o passado e o futuro, a adega proporciona uma enologia de intervenção mínima, onde se pretende evidenciar a heterogeneidade e o diferente carácter das micro parcelas, solos e castas. Definiu-se que a fermentação dos vinhos em balseiros de carvalho e em cubas de cimento Nico Velo seria essencial para projetar uma adega com capacidade para 100.000 garrafas.

Procurou-se a ancestralidade e a tradição na sala de estágio, encontrada nas pequenas tinajas de terracota, em que não existe uma peça igual à outra, e nas ânforas produzidos com pó cerâmico sobre uma estrutura de fibras naturais denominado cocciopesto.

Desde o início ficou claro que as barricas tinham de ser de 500 litros, respeitando a origem e as características das uvas da Vidigueira.

Enquanto Luisa falava, Eduardo desenhava uns traços numa folha de papel branco que correspondiam à fachada de uma casa caiada de branco da pequena aldeia em ruínas.

Identidade

Este mesmo respeito pela cultura da aldeia reflete-se na imagem desenvolvida pelo designer Eduardo Aires. Qualquer que fosse o caminho, teria obrigatoriamente que transmitir Alentejo, esboçando a ranhura da porta que nos convida a vivenciar a vida na Aldeia de Cima. Em conjunto partiram do zero e concentram-se no essencial - o significado do território que, desde 1758, tinha vivência herdeira de um passado marcado por cinco séculos de cultura árabe. Por sua vez, as cores selecionadas - presentes em toda a herdade e em variadíssimos detalhes nos interiores - foram o verde da folha do Sobreiro e a terracota da argila da terra que o viu crescer, não faltando o efeito das paredes caiadas de branco no papel de cada rótulo.

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