A Serra do Mendro separa o Alto do Baixo Alentejo e atinge o seu ponto mais elevado na Herdade Aldeia de Cima a 424 metros de altitude. Foi aqui que Luisa Amorim sentiu um potencial “adormecido” de um património geológico único para a plantação da primeira vinha em patamares tradicionais no Alentejo.
Este é um Alentejo diferente, o da Serra do Mendro, que separa o Alto do Baixo Alentejo, pertencendo à unidade geomorfológica mais antiga da Península Ibérica e apresentando uma singularidade geológica designada por horst, que resultou da subida de um bloco de terreno do mar onde se acumularam milhares de metros de espessura de vasas.
As terras que hoje pisamos de origem xistosa, granítica, gabroica, e quartzítica, entre muitos outros tipos de rochas de substrato são ainda uma amostra original do Maciço Antigo Ibérico.
Estas rochas fazem a pobreza dos solos esqueléticos, que outrora serviram para alimentar as explorações de barros vermelhos presentes em todo o Alentejo.
No Alentejo, a maioria das pessoas vive da floresta e da agricultura e na Serra do Mendro não é exceção, com a população a depender do que a terra lhes dá, beneficiando da cultura do montado, um dos 35 ecossistemas mundiais mais importantes no Mundo para a conservação da biodiversi-dade – equiparado a paraísos como a Amazónia, a savana africana ou o Bornéu. As práticas agrícolas da Herdade Aldeia de Cima nos 2400 ha de terra têm pouca intervenção, privilegiando um modelo de produção integrada com a natureza a otimização dos recursos naturais, de acordo com a preservação paisagística e a interatividade com os ecossistemas existentes.
Na Herdade Aldeia de Cima, sustentabilidade significa um elevado respeito pela terra. Privilegiando a recuperação de todo um território, não se trata apenas de reduzir a utilização de químicos, mas da recuperação do ecossistema único da Serra do Mendro, contribuindo para preservar este património natural e cultural, reforçando a biodiversidade para as gerações vindouras e o bem estar de todos os que nela habitam e trabalham.
Numa gestão agroflorestal sustentável, que prevê o lucro médio-longo prazo, o sistema agro silvo pastoral do montado de intervenção antropogénica baseia-se na presença mista de duas espécies de carvalho – o sobro (quercus suber) e o azinho (quercus rotundifólia) – fornecendo uma variedade de alimentos e habitats de vida selvagem, fundamental para a conservação dos solos, a regulação do ciclo da água, a diminuição das emissões de carbono e a conservação da biodiversidade.
Os vinhos da Herdade Aldeia de Cima refletem estas mesmas práticas neste imenso mosaico ecológico, com uma viticultura de intervenção mínima, mantendo as vinhas nos primeiros anos com práticas sustentáveis e em modo de produção integrada com o objetivo de adaptá-las gradualmente até ao modo de produção biológico.
É esta filosofia que fundamenta a nossa viticultura, da qual depende a manutenção das nossas vinhas, assim como o carácter dos nossos vinhos, essencial, quanto a nós, para a preservação de um ecossistema único com raízes no passado do qual depende o nosso futuro!
Numa gestão agroflorestal sustentável, que prevê o lucro médio-longo prazo, o sistema agro silvo pastoral do montado de intervenção antropogénica baseia-se na presença mista de duas espécies de carvalho - o sobro (quercus suber) e o azinho (quercus rotundifólia) - fornecendo uma variedade de alimentos e habitats de vida selvagem, fundamental para a conservação dos solos, a regulação do ciclo da água, a diminuição das emissões de carbono e a conservação da biodiversidade.
No montado de sobro e azinho, com algum pinho bravo disperso, solos xistosos e maior pedregosidade, permanecem os habitats naturais com os matos de estevas, sargaços, tojos, giestas, carrasco e silvas, entrecortados com gramíneas espontâneas, ideais para espécies sedentárias como a perdiz ibérica, a lebre, o faisão, o sisão, a raposa, o saca-rabos, o javali e o porco preto alentejano. Respeitamos o património animal e vegetal autóctone que nos permite dispor de defesas para algumas pragas e infestantes evitando o uso de pesticidas e nestas terras livres de poluição é comum avistarmos cegonhas, pardais e pintassilgos, além de imponentes aves de rapina como o abutre-preto ou o milhafre-real.
Nos planaltos mais altos são criadas ovelhas da raça merino branco, um rebanho de cerca de 1500 animais que pastam durante todo o ano nas grandes extensões da herdade, contribuindo para a manutenção dos solos evitando o perigo de incêndios e permitindo controlar a densidade de matéria vegetal nas diferentes parcelas de vinha.
Entre as vinhas e o montado fomentamos a apicultura como actividade fundamental para o equilibrio do ecossitema e o aproveitamento deste produto fantástico que a mãe Natureza nos oferece- o mel.
Estudamos o clima, os solos e os porta enxertos para cada casta, permitindo o microterroir ideal para cada uma delas.
Identificamos 4 zonagens em cotas mais elevadas da Serra e no Planalto do Mendro com o objetivo de obter uma frescura natural, num clima mediterrânico cada vez mais quente. Plantamos 20 ha de acordo com as curvas de nível do terreno e dividimos em 22 parcelas e na maioria com menos de 1,5 ha de vinha por parcela.
Plantamos as nossas videiras na Serra do Mendro num compasso de 0,80cm x 2,20m e nas vinhas do planalto o compasso utilizado é de 1m x 2,250m. A altura de formação selecionada foi de 0,70 cm.
Como forma de condução principal paras as nossas vinhas, escolhemos o cordão unilateral, à exceção das castas Alvarinho e Arinto que estão plantadas com Guyot Simples, contribuindo para uma menor produção e maior concentração.
Por vezes, utilizamos técnicas ancestrais de granjeio, como enrola em vez de desponta, com o objetivo de reduzir o efeito escaldão e garantir o melhor estado sanitário das uvas.
A lenha das podas das videiras é totalmente triturada e devolvida ao solo original toda a sua matéria orgânica.
Preservamos sempre o enrelvamento natural para criar um efeito mulching que serve de habitat natural para os auxiliares.
Apenas utilizamos adubos orgânicos para a manutenção de matéria orgânica no solo; Controlamos a temperatura, a pluviosidade e a velocidade do vento através das nossas próprias estações meteorológicas instaladas em diferentes altitudes junto às vinhas.
Construímos pequenas barragens que recolhe a água natural e instalamos um sistema de rega que funciona exclusivamente com energia solar. Dia a dia monitorizamos a gestão da água com contadores afetos a diferentes zonagens, utilizando a rega apenas em situação de stress hídrico comprovado e comprometedor para a colheita.
A arquitetura tipicamente alentejana das casas e edifícios agrícolas originalmente construídos em taipa e tijolo, com paredes totalmente caiadas de branco pontuadas por pequenas janelas, foi recuperada pelos atuais proprietários, permitindo reviver a autenticidade deste lugar e o espírito comunitário da aldeia.
A forma de vida autónoma e sustentável, refletida na gastronomia rica, que combina os produtos do pastoreio - o leite, os queijos, as carnes, os ingredientes das hortas e dos pomares e o mel e os frutos secos da floresta são a base da nossa alimentação e de todos os que colaboram connosco.
Como forma de homenagem à familia, recriamos em 1000m2 um exemplo de vinha ancestral, plantada em quincôncio com castas autoctones, onde o bacelo foi apenas enxertado no ano seguinte.
Dinamizamos e apoiamos o cante alentejano declarado património imaterial da humanidade pela Unesco que reflete o sentimento de amor à terra, de resiliência face à dureza da vida.
Promovemos o artesanato e sobretudo o barro alentejano oriundo dos solos de xisto vermelho.
A Escalada do Mendro é promovida todos os anos em Junho em conjunto com a Câmara Municipal da Vidigueira para a a realização de dois percursos na Serra do Mendro que podem ser efetuados em corrida ou em caminhada ao longo de 6 quilómetros ou 11 quilómetros.
Trabalhamos preferencialmente com pesssoas de Santana e dos concelhos locais.
Integramos fornecedores e pequenos agricultores locais na cultura da empresa, colaborando em verdadeiras parcerias, visando a sustentabilidade do negócio e a preservação das tradições.
No dia a dia da nossa empresa, respeitamos os colaboradores e oferecemos muita formação, promovendo uma cultura de igualdadede de género e inclusão social.
Na vinha dos alfaiates localizada na Serra do Mendo instalamos abrigos para as pessoas poderem guardar os seus pertences e protegerem-se em condições adversas do clima e instalações sanitárias.
Incentivamos a pro-atividade em relação ao aumento das pressões ambientais, como por exemplo a colocação de caixotes de lixo orgânico em vários locais da Quinta, a otimização de separação dos resíduos para reciclagem, a utilização de garrafas térmicas para consumo individual, a redução de materais de embalagens entre tantas outras pequenas acções.
Providenciamos regras de transparência ao longo de toda a cadeia, não colaborando com situações ilegais e de fraude na gestão dos recursos humanos e parcerias de negócio.
É esta a filosofia que ambicionamos recriar dia após dia, melhorando-a com a experiência e tecnologia disponivel para que consigamos retribuir tudo o que a Terra nos dá.
Apesar da ideia generalizada de uma planície alentejana, da paisagem a perder de vista, dos campos de trigo que hoje não são mais do que paredes intermináveis de olivais intensivos, na verdade, para as pessoas da terra, o que não falta no Baixo Alentejo são serras, e de norte a sul são seis no total:
A sudoeste peninsular, o Alentejo é a região mais rebaixada do que resta de uma velha cadeia de montanhas, a que alguns autores chamam de Hercínica e outros de Varisca, que começou a elevar-se no oceano há cerca de 380 milhões de anos.
Os solos marinhos, que compunham o supercontinente da Pangeia, deixaram no subsolo xistos com fósseis que nos indicam o ambiente e a idade através de várias camadas rochosas que, inicialmente, jaziam horizontais e agora apresentam-se dobradas, pregueadas, fraturadas e deslocadas. Ao longo do tempo foram esmagadas pela erosão que varreu milhares de metros de espessura dos terrenos que lhes ficavam por cima e, portanto, os ocultavam reduzindo esta grande cordilheira à superfície planáltica. A paisagem alentejana, a que alguns geógrafos e geólogos têm chamado peneplanície, não corresponde ao conceito que a palavra planície encerra. Pelo contrário, sendo uma superfície elevada em relação ao nível dos mares, mereceu por parte dos estudiosos o nome de planalto ou altiplano elevado, o que é bem o caso da Meseta Ibérica, onde se inclui todo o sudoeste peninsular e, dentro dele, o Alentejo. É por essa razão que a “planície” alentejana não se encontra numa fase de aperfeiçoamento, mas sim em fase de degradação.